quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

2010 - Estudos sobre imagens




HIS NA BRAVO!



Janeiro/2010
Mulher-Gorila - Muito Além da Capoeira
Berço do primeiro curso superior de dança no Brasil, a Bahia vive um boom de novos grupos
Por André Albert


Agilidade, força. Mas também técnica, pesquisa. A produção de dança na Bahia, tanto tradicional quanto contemporânea, vive um de seus melhores momentos. Embora poucos grupos tenham conseguido visibilidade nacional, na última década surgiram festivais, companhias e coreógrafos que tiraram a dança local da obscuridade. Uma das causas é a reestruturação do curso superior de dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o primeiro do Brasil. Após décadas sem renovação, a habilitação passou por uma reforma curricular em 2001 que introduziu aspectos teóricos e modernizou as disciplinas. Em 2005, a universidade inovou novamente, ao criar o primeiro mestrado em dança do país.

"É estimulante, pois os professores dão aulas juntos para os alunos e dissolvem a barreira entre teoria e prática", diz Helena Katz, crítica de dança e coordenadora do Centro de Estudos em Dança da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Diversos grupos derivaram das atividades da UFBA, como o Tran-Chan, fundado em 1980 pelas hoje professoras Leda Muhanna e Betti Grebler, o His Contemporâneo (1998), dirigido por Iara Cerqueira, e o Grupo de Dança Contemporânea, vinculado à Escola de Dança. Além disso, o semestral Painel Performático da UFBA revelou grupos promissores da atualidade, como o Quitanda e o CoMteMpu's.

O hibridismo é uma marca da dança contemporânea baiana. O já citado Tran-Chan incorpora elementos da música e do teatro, numa estética que alude ao cabaré e ao jazz. O Dimenti (1998), por sua vez, chama a atenção ao aproximar dança, humor e crítica. O grupo foi um dos poucos a romper a barreira do estado e a se apresentar nas regiões Sul e Sudeste. "Os grupos de dança ainda são muito novos. Metade surgiu de 2000 para cá, muitos só após 2006, 2007. Ainda faltam os contatos", conta Flor Liberato, responsável pelo levantamento baiano da base de dados Rumos Dança. Clara Trigo, criadora da Sua Cia., completa: "Falta experiência em articulação. Há potencial. Agora, é preciso desenvolver a parte de produção". Tanto ela como Helena Katz destacam que a circulação de espetáculos depende muito do Serviço Social do Comércio (Sesc) e de recursos públicos.

Uma exceção é o Balé Folclórico da Bahia, fundado em 1988 e mais conhecido no exterior do que na Bahia. A turnê internacional da companhia prevê passagem por quase 15 países na África e na Europa, além de um giro pelos Estados Unidos no início de 2011. O balé tem uma segunda companhia, que se apresenta diariamente no Teatro Miguel Santana (TMS), em Salvador.

Se a circulação ainda não é o forte dos grupos baianos, não se pode dizer o mesmo dos festivais. A exibição e a discussão da dança no estado foram tonificadas com a organização do Fórum de Dança, em 2001, e a criação de uma Diretoria de Dança na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), em 2007. Antes, a área era submetida às artes cênicas e tinha apenas um evento exclusivo, a Quarta Que Dança. Além disso, quase toda a verba era destinada ao estatal Balé do Teatro Castro Alves. Com as mudanças, o dinheiro foi redirecionado ao incentivo a grupos independentes, o que gerou rumores sobre a extinção do BTCA. "Era balela. E, apesar dos cortes, ele está mais aberto à comunidade e esteticamente mais variado, desenvolvendo projetos com outros grupos", diz Flor Liberato.

Realizado há 11 anos, o Quarta Que Dança desenvolve atividades às quartas-feiras de abril, maio e junho, no Teatro Castro Alves e nas ruas do centro histórico. Há espaço para espetáculos, intervenções urbanas, dança de rua e trabalhos em processo de criação. "Nesse caso, o espetáculo não precisa estar fechado. É um convite ao público e aos críticos para dialogar", diz Alexandre Molina, diretor de dança da Funceb. Hoje, outras duas atividades em abril abrem o calendário soteropolitano de dança. Coordenado pelo Fórum de Dança, o Dia "D" de Dança acontece em 29 de abril. O evento propõe debates sobre políticas para a área e promove apresentações de grupos, além de oficinas gratuitas na sede da Escola de Dança da Funceb.

Organizado pelo Núcleo Viladança do Teatro Vila Velha, o Vivadança! — Mês da Dança chega à sua quarta edição em 2010. "A primeira coisa que fechamos foi uma mostra grande de hip-hop, porque tivemos um público muito grande de adolescentes", diz a diretora do Viladança, Cristina Castro. O veterano do break Nelson Triunfo deve ser a principal atração desse segmento. Está confirmada também a apresentação conjunta da japonesa Toshiko Oiwa com a bailarina Luciana Porta, ex-Ballet Stagium. Do Rio de Janeiro, estão previstas a Cia. Étnica de Dança e a Ao Samba. O público poderá conferir ainda o polêmico espetáculo De-vir (2003), do cearense Fauller, que já percorreu o Brasil e a Alemanha. A companhia espanhola Provisional Danza, de Carmen Werner, é um nome quase certo.

Outro evento que ocorrerá pela quarta vez é o Interação e Conectividade. Organizado pelo grupo Dimenti, o festival relaciona projetos de discussão e residência artística. Numa linha similar, Clara Trigo, da Sua Cia. de Dança, e a produtora Catarina Gramacho realizaram, em setembro de 2009, a Plataforma Internacional de Dança. Mais voltada à própria classe artística, ela ocorreu junto com o 8º Encontro da Red Sudamericana de Danza e reuniu representantes de 17 países da América Latina. Além de debater a investigação artística e apresentar espetáculos, o evento se propõe a pensar a economia da dança. "Muita gente vem para cá estudar ritmo e movimento, fazer mestrado. Então, é preciso pensar no apelo de turismo e estudo também", diz Clara.

Dentre os festivais híbridos, vale a pena destacar o Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac) e a Mostra Sesc de Artes, previstos para outubro. O Fiac deve chegar à sua terceira edição com atrações de teatro e dança do Brasil e de outros países. Já a Mostra Sesc de Artes leva a Salvador, por meio do projeto Palco Giratório, espetáculos de outras partes do país, ao mesmo tempo em que conduz os grupos baianos para outras regiões.

FORA DOS GRANDES CENTROS
Iniciativas em Itacaré e no subúrbio de Salvador ampliam o mapa da dança no estado

Embora boa parte das atrações de dança se concentre na capital, há iniciativas para levá-las a outras regiões do estado. O Edital Ninho Reis, da Funceb, financia a circulação pela Bahia de nove espetáculos por ano. Há dois anos, a Costa do Cacau, no litoral sul, recebe em outubro ou novembro grupos da região e de Salvador no Festival Internacional de Itacaré. Participaram da última edição nomes como Sua Cia. e Núcleo B. A periferia de Salvador também tem um tradicional festival, o Suburdanças, que em 2009 chegou à décima edição. Realizado em dezembro no Periperi, reúne grupos de break e danças afro e realiza atividades educativas.

FONTE:http://bravonline.abril.com.br/conteudo/brasil-cultura/mulher-gorila-muito-alem-capoeira-525043.shtml

Olá Para todos!



Tenho lido os blogs e penso que uma colocação que poderia fomentar as reflexões é a de que o fazer artístico tem de encontrar na prática as suas próprias questões, reflexões e elaborações de conceitos se for o caso. Acho que entender pesquisa e processos tem a ver com a continuidade deste fazer que vai elaborando suas questões e a maneira como elas aparecem no mundo como dança, no caso. Mostrar processo é elaborar e estabilizar uma organização deste material. Quando se tem um processo continuado de investigação, aquilo que se mostra é sempre uma configuração provisória, pois deste fazer sempre emergem novas direções, nova reflexões e questões que apontam uma possibilidade de continuidade que desestabilizam organizações anteriores. Acho que mostrar a pesquisa é mostrar esta estabilidade provisória daquilo que está sendo criado e pesquisado.
Vera Sala


FONTE:http://bifurca.wordpress.com/